SÃO PAULO - (Atualizada às 18h15) O governo do Brasil parece estar pedindo chuva a São Pedro para resolver os problemas de energia do país, diz a revista britânica The Economist na edição desta semana. “Rezar para São Pedro não é uma política do setor de energia. Mas parece que é o que o governo está fazendo ao contar com a chuva para resolver a crise do setor elétrico”, diz a publicação.
Aproximadamente 80% da eletricidade do Brasil é proveniente de hidrelétricas, lembra a semanal. Normalmente, os reservatórios do país são preenchidos durante a temporada de chuvas no país, de dezembro a março. Mas, neste ano, “São Pedro pulou o Brasil”. Janeiro de 2014 foi o segundo mais seco em 80 anos. Os reservatórios estão se esgotando e o consumo de energia aumentando, com os brasileiros passando por um dos verões mais quentes em muitos anos.
Racionamento
A publicação sugere que, além do calor e da falta de chuva, a atual crise do setor é reflexo das ações do governo, e destaca a promessa da presidente Dilma Rousseff de reduzir as contas de energia em um quinto.
“Para isso, ela ofereceu renovar as concessões que iriam se expirar entre 2015 e 2017, com a condição de cortes nas tarifas, tornando mais barata as contas de famílias, indústrias e pequenas empresas”, diz.
O consultor Arthur Ramos, da Booz & Co., ouvido pela revista, disse que “ninguém sabe realmente o quanto de energia está garantida” e que o governo brasileiro não deve descartar a possibilidade de racionamento, especialmente com a previsão de alta da demanda na Copa do Mundo neste ano.
A presidente, de acordo com a Economist, não deve faltar com a palavra e deixar os preços de energia subirem. Isso conteria a demanda e pressionaria a “já alta” inflação. Além disso, prejudicaria nos votos para as eleições deste ano. “Por outro lado, ela não quer uma reprise das eleições de 2002. Está nas mãos de São Pedro”, diz a revista.
Argentina
Enquanto a crise energética do Brasil ocupou páginas do miolo da respeitada revista, a crise Argentina está estampada na capa da semanal.
Segundo a publicação, o país, que já foi visto como promissor, é, mais uma vez, foco do nervosismo com emergentes.
O caos argentino, segundo a publicação, é fruto da incompetência da presidente Cristina Kirchner, que sucedeu a uma série de “populistas economicamente analfabetos”, desde antes de Juan e Eva Perón.
A lição que deve ser aprendida com a Argentina é que um bom governo importa. “Pode ser que essa lição tenha sido aprendida. Mas há chances de vermos, daqui cem anos, outra Argentina: um país de futuro que ficou preso no passado”, diz a revista
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