quarta-feira, 6 de novembro de 2013

2014: o destino de Pimenta da Veiga no PSDB

Cotado para sucessão do governador Antonio Anastasia (PSDB), Pimenta da Veiga mergulha de cabeça na política após 10 anos afastado.

ENTREVISTA
Pimenta da Veiga

Ex-prefeito de Belo Horizonte, ex-ministro. Depois de dez anos em Brasília, Pimenta da Veiga chega a BH cheio de planos para a campanha do PSDB e de Aécio. Para o governo de MG, quer definição em 1º turno
“Óbvio que o esforço vai ser todo para liquidar no primeiro turno.” Cotado para sucessão do governador Antonio Anastasia (PSDB), Pimenta da Veiga mergulha de cabeça na política após 10 anos afastado. Com 31 anos, ele ingressou na vida pública, elegendo-se deputado federal pelo então MDB. Dez anos depois, tornou-se prefeito da capital mineira. O último cargo público foi em 2003, ministro das Comunicações da segunda gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Aos 66 anos, diz se entregar por inteiro ao projeto de candidatura presidencial do senador tucano Aécio Neves, em 2014. Fechou o escritório de advocacia em Brasília e voltou para a cidade em que nasceu. Na bagagem, além da experiência política e eleitoral, a missão de assumir a presidência do Instituto Teotônio Vilela, em Minas, entidade de estudos do PSDB. Apontado como consenso no PSDB para disputar a sucessão de Anastasia, coordenará a campanha de Aécio à Presidência da República. O discurso está afinado e afiado contra o PT, mas o ex-ministro evita criticar nominalmente um provável adversário, Fernando Pimentel, hoje à frente da pasta de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O tucano, um dos fundadores do PSDB, acusa o PT de se apossar de obras do PSDB no estado. E avisa: em Minas, o esforço será para liquidar a fatura no primeiro turno e concentrar esforços em Aécio, fortalecido em um segundo turno contra Dilma Rousseff (PT).

O senhor irá disputar o governo de Minas em 2014?
O meu nome tem sido lembrado, e tenho andado pelo estado, recebido muito apoio, da bancada estadual e da federal. Não tenho pleito pessoal, mas, se a convergência se der em torno do meu nome, não faltarei a essa missão. Sou homem de partido. Estou elaborando plano de ações para a campanha de Aécio em MG. Se me delegarem outra missão, haverei de cumpri-la também.

Como avalia a atuação de Fernando Pimentel à frente do ministério?
Não quero fazer análise pessoal. Tenho boas relações com ele, mas digo que está do lado errado. O PT está errando mais que acertando. Chegou à exaustão. Há um sentimento de mudança. Prova disso são manifestações nas ruas. Se estivessem satisfeitos, não iam protestar. Era uma pauta difusa, mas salientava o inconformismo.  Há tristeza dos brasileiros com as oportunidades perdidas. O Brasil viveu nos últimos anos o melhor momento internacional, estabilizou a moeda, as instituições tinham  condições de receber o dinheiro do mundo para a nossa infraestrutura, mas o PT, em vez de atrair, ficou fazendo guerrinha com o Obama e com dirigentes da Europa. Chegou a hora de mudar. A melhor opção é Aécio. Mineiro consciente não pode estar satisfeito com o governo do PT, que virou as costas para Minas.

O senhor tem encontrado o ministro Pimentel em solenidades pelo estado?
Sim, mas nossa relação é cordial.

A candidatura de Pimentel a governador está acertada?
O nosso adversário, o nome, está definido, e ele está em campanha não declarada. E usando as facilidades de que dispõe.

Uso da máquina pública?

Também.

Tem caso específico?
Vejo críticas de que obras custeadas com enorme percentual pelo governo do estado têm, às vezes, pequena participação do governo federal, que assume as obras como sendo federais. Faremos uma campanha com a ética costumeira, haveremos de guardar equilíbrio e moderação.

Como analisa a administração do prefeito Marcio Lacerda?
Marcio é uma pessoa empenhada na administração de BH e está fazendo um governo positivo. Tem a vantagem de ter uma cabeça administrativamente organizada, e isso contribui para o êxito.

Acredita na possibilidade de Lacerda ser candidato ao governo de Minas?
Não. Não é que lhe faltem condições, ele até as tem. Mas é para ele não interromper uma atividade, um governo que está indo bem e que está dando muita alegria a ele. Eu não acredito que interrompa isso para disputar uma eleição incerta.

Como avalia a posição de Eduardo Campos no xadrez eleitoral?
Na oposição, fomos fortalecidos pela candidatura de Eduardo. Não queremos perder o objetivo. Queremos contribuir com o povo brasileiro para tirar o PT do poder. A oposição está mais forte. Imaginamos que teremos um resultado positivo e estaremos com Eduardo no segundo turno. Analiso que a união de Marina com Eduardo foi positiva porque são dois ex-ministros do PT que vieram para o campo das oposições, dois dos mais expressivos ex-ministros do PT. Portanto, quem perdeu foi a Dilma. Os marqueteiros orientaram para ela dizer que achou bonito. Vamos fazer campanhas paralelas. Como Aécio tem mais expressão que Eduardo, nacionalmente, nossa estrutura e nossa aliança são mais fortes, e a base eleitoral em Minas é maior que em Pernambuco, eu confio que chegaremos na frente e depois nos uniremos para ganhar.

O senhor é um dos fundadores do PSDB. Vimos o partido perder várias lideranças.Ele não perde sua identidade ao não requerer os mandatos?
Se me perguntasse qual o problema da política brasileira, eu diria que é  a estrutura partidária. Partidos de 50 milhões de votos são iguais a partidos de 50 mil votos. Uma barbaridade do ponto de vista político. Com essa estrutura partidária, é difícil dizer a uma pessoa: “fique no partido, pois tem melhor programa, é mais ético, mas você vai precisar de 60 mil votos e, naquele partidinho, vai precisar de 30 mil”. Você conseguirá o mesmo mandato com metade dos votos.

Fernando Henrique Cardoso já fez críticas ao PSDB sobre a necessidade de renovação na forma de fazer política. Como o senhor avalia autocríticas de caciques tucanos?
O PSDB chegou ao poder no tempo certo. É preciso estar sempre aberto a críticas. Quem não quiser ouvir crítica não faça política. É inerente à atividade pública. Quem não ouve críticas não está aberto ao aprimoramento. Eu faço críticas quando me parece necessário, no sentido de melhorar e aprimorar.

José Serra afirma que a decisão sobre a candidatura presidencial só deve ser fechada em 2014. É possível haver prévias?
O partido nasceu sob inspiração de prévias, portanto não nos assustam. Houve momento do predomínio de São Paulo no PSDB. Hoje a candidatura com mais força é de um mineiro, Aécio Neves. É natural que isso se consolide sem afronta a qualquer companheiro, especialmente ao José Serra. Ele tem que ser respeitado, e é isso o que estamos fazendo. Temos conversado com ele, é uma liderança expressiva, certamente vai disputar as eleições para algum cargo no estado. O PSDB seguirá unido.

Em 2009, Aécio articulou apoios de partidos da base do PT no plano federal e aliados dos tucanos em Minas. O PSDB vai conversar com a base do PT novamente? Como deve se dar o caminho até a definição de alianças?
O cenário eleitoral ainda não está completo. Conhecemos pretensamente os candidatos que vão disputar a Presidência: Aécio, Dilma e Eduardo.

Descarta Marina como cabeça de chapa?
A Marina se aprisionou no PSB e a grande figura do PSB é o Eduardo. Os candidatos são esses três. As alianças, não. Estão em aberto. O que as define são as convenções partidárias, no ano que vem. Se as coisas acontecerem como prevejo, teremos uma aliança mais ampla do que o que está posto. Todos os partidos com os quais estamos conversando podem chegar, o que nos fortalecerá. Hoje as alianças são escravas do tempo de televisão. Esse cenário depende das circunstâncias. Como eu acho que o cenário será em favor de Aécio e do crescimento de Eduardo, a aliança que Dilma teve na eleição não se repetirá.

Dilma perderá apoio, mesmo hoje bem posicionada nas pesquisas?
A eleição não é hoje. Temos um enorme caminho pela frente. Vou te dar um exemplo. Você acha que a eleição em Minas se dará com os números que estão postos hoje? Tenho certeza de que não. Vamos crescer aqui. Como o Eduardo vai crescer em Pernambuco, como vamos crescer em outros estados. Dilma tem posição complicada. Construíram a vitória dela em seis estados, em três, perde. Ela sabe que não ganhará em Minas e em Pernambuco, e o esquema dela no Rio virou pó. A situação dela é difícil. Essas pesquisas são de recall.

Há mais de uma década, o PSDB governa Minas e o PT, o país. Aécio ataca Dilma. A dupla Eduardo/Marina discursa para avançar e faz críticas eventuais. O caminho para neutralizar a força do PT é o da crítica, sem reconhecer avanços?
Não há ninguém que busque mais a convergência do que o Aécio. Talvez a maior capacidade política dele seja essa a de unir contrários e construir convergência, mas o candidato tem que representar a opinião pública, que está enfadada com o governo do PT, cansada de equívocos, erros e desmandos. O candidato não pode se negar a fazer críticas. Quanto ao Eduardo, era aliado do governo até ontem. A Marina foi ministra. Eles não poderiam sair e partir pra uma crítica enlouquecida. Perderiam credibilidade.

Desde 2002, apesar da polarização PT/PSDB, sempre houve vários candidatos ao governo do estado, mas não tiveram força para levar a decisão para o segundo turno. O senhor defende a estratégia de liquidar a eleição logo no primeiro turno? Ou seria interessante a terceira via, como Eduardo/Marina, para neutralizar a força de Pimentel?
Óbvio que o esforço vai ser todo para liquidar no primeiro turno. É o que tem ocorrido nas últimas eleições. No plano federal, é eleição em aberto. São três candidatos viáveis, é muito difícil que resolva no primeiro turno. Certamente uma eleição de segundo turno. Espero que possamos passar para o primeiro lugar, do primeiro para o segundo turno, e ampliarmos o apoio, buscando os votos do concorrente que tiver ficado de fora, que não será necessariamente Eduardo Campos, e buscaremos uma nova campanha.

Em 2006, tivemos o Lulécio, apoio a Lula e Aécio. Em 2010, tivemos o Dilmasia, apoio a Dilma eAnastasia. Como avalia a tese de haver palanques duplos em 2014?
Não. Isso não, em hipótese nenhuma. Ninguém terá aqui o atrevimento de, sendo do nosso lado, imaginar votos na Dilma. Em nenhum nível de candidatura. Será denunciado. O que está em jogo é a retomada do poder para Minas.

As definições em Minas estão atreladas às definições do plano nacional?
Não vai ser uma coisa simétrica. O apoio à candidatura presidencial atende às questões gerais e o apoio regional é muito vinculado à política do estado.

Há nomes para a chapa majoritária em Minas. Quando se dará essa definição?
Cada processo tem uma dinâmica. As coisas vão clareando. Tenho ouvido uma chapa completa. Há o nome também do governador Anastasia, que pode ser candidato ao Senado. Se for, é uma eleição muito segura. Ou poderá compor o governo do presidente Aécio. A possibilidade de candidatura ao Senado, não obstante as negativas do governador, deve ficar aberta. É preciso incentivá-lo a aceitar a missão.

É uma decisão pessoal?
Uma negativa pessoal é insuperável. Ninguém é candidato sem querer ser. Mesmo que tenha outros projetos, vai avaliar o interesse partidário, do estado e da aliança de apoio ao governo e deve se sensibilizar com esses fatores. Aí, teríamos uma chapa muito forte.

E o vice? Pesa mais o partido por causa de tempo de TV ou a densidade eleitoral do candidato?
O vice tem duas formas de escolha. Ou é questão regional ou é política. Na regional é fácil, é uma região onde a chapa precisa se fortalecer. Na política, há duas hipóteses, ou a expressão da liderança do candidato a vice ou a força partidária que ele traz, ou as duas coisas. Temos possibilidades entre os nomes citados, temos possibilidade de composição de chapa e o PSDB saberá avaliar.

E o vice de Aécio?
Não é hora de falar de vice. O cenário com relação a vice ainda está movediço. As regras são as mesmas. A única coisa em que avanço é o seguinte: existem hipóteses muito boas, mas que devem ser tratadas no momento oportuno.

Fonte: http://www.jogodopoder.com/blog/politica/2014-o-destino-de-pimenta-da-veiga-no-psdb/



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